ISBN-13: 9788530802936
ISBN-10: 8530802934
Páginas: 96
Idioma: Português 
Editora: Papirus

Edição: 2010
Citação:
MEDINA, João Paulo S.  A educação física cuida do corpo... e “mente”.  Campinas, SP: Papirus, 2010.





Sinopse*:"Em 1983, ano de sua primeira edição, o livro Educação física cuida do corpo... e mente foi pioneiro ao inaugurar as bases de um pensamento crítico sobre a educação física. Sinalizava uma crise para um campo que historicamente se coloca como instrumento de poder e dominação. Desde então, a obra vem promovendo uma reflexão sobre a educação física, que contempla as questões sociais e a necessidade de um compromisso político de seus profissionais. Diante da nova realidade da sociedade brasileira e do mundo contemporâneo, esta edição revista e ampliada do clássico de João Paulo S. Medina chega acrescida de três ensaios, escritos por respeitados nomes da área. Com abordagens distintas, tais contribuições estimulam ainda mais o pensamento crítico. Enfim, uma leitura indispensável.  "
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Sobre o Autor**:"João Paulo Medina (Cerqueira César, 8 de junho de 1948), é um preparador físico, mestre em educação, professor e administrador de futebol, brasileiro, mais conhecido por haver criado a Universidade do Futebol e ter sido coordenador técnico da Seleção Brasileira de Futebol, em 1991".


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“O panorama brasileiro pode ser visto desse enfoque. A predisposição ao conformismo é algo que nos caracteriza”. P.25

“A superficialidade e a inautenticidade têm caracterizado a maior parte de nossas relações sociais”. P.25

“O homem só pode crescer – isto é, ser cada vez mais – pelo aumento gradual e contínuo da percepção de si em relação a se mesmo, em relação aos outros, em relação ao mundo. Como ser incompleto e inacabado que é, sua vida deveria constituir-se em uma constante busca por concretizar suas potencialidades e, dessa maneira, humanizar-se a todo momento. Esse deveria ser o papel de todo o processo de construção dos seres humanos, quer seja por meio da educação formal, informal ou pessoal (autoeducação). Fato que, efetiva e lamentavelmente, não tem ocorrido”. P.28
“Os fundamentos do Diálogo (Amor, Humanidade, Esperança, Confiança, Serviço e testemunho)”. P.30,31 e 32.

“Quem decide em favor da vida tem de “mergulhar” nela em sua totalidade. E quem decide mergulhar não pode esperar molhar apenas uma parte de sue corpo. Quem mergulhar se molha “inteiro”. Ou se acredita no homem ou não se acredita. Precisamos assumir posições – quaisquer que sejam elas -, fundamentá-las criticamente e defende-las. Mas é necessário também revê-las, dobrar-se humildemente diante de alternativas entendidas como mais significativas. E, acima de tudo, há que se respeitar as posições contrárias. Não é possível conviver sem esses conflitos e contradições, se é que pretendemos buscar um projeto coletivo de convivência mais humana e justa, que comece pelo respeito ao indivíduo como pessoa”. P.33

“É por essas e outras razões que a política, entendida como instituição de poder constituído - legalmente ou não -, uma vez que exerce influências na maneira de ser dos indivíduos, não pode ficar ausente das preocupações de ninguém. E se é verdade que a instituição política, por meio dessa estrutura constituída de poder, procura controlar, moldar e preservar a sociedade em todas as suas manifestações, considerando os interesses e as aspirações de seus mandatários, fica claro que é necessário penetrar melhor nesse entendimento para saber até que ponto tais interesses e aspirações vão ao encontro daqueles de todas as outras pessoas e grupos que compõem o corpo social da nação”. P.34

“É característico das consciências ingênuas pensar que o educador poderá ser um verdadeiro agente de renovação e transformação, preocupando-se exclusivamente com as particularidades do processo pedagógico, ou por outro lado, acreditar que nossa situação social, cultural, política e econômica apresenta problemas que só o governo, por intermédio de políticos e tecnocratas, poderia resolver e discutir, e ninguém mais”. P. 35

“Os homens têm de fazer-se sujeitos da história e não objetos. Devem fazer-se livres e não alienados”. P. 35

“A política é o instrumento de superação das dificuldades mais vitais à sobrevivência, pois liberta e libera o homem para investidas mais efetivas na busca de sua real identidade, ou seja, quer no seu sentido individual, quer no sentido coletivo”. P.35

“... Numa sociedade de consumo com esta em que vivemos... não se pode esquecer que estamos todos envolvidos pela mentalidade do ter mais, mesmo que isso implique ser menos. Impõe-se como tarefa fundamental perguntar para quê, por quê e para quem se dirige a educação. As respostas devem ser refletidas e as conclusões, incorporadas e utilizadas no nosso agir diário”. P.36

 “De repente, curtir, moldar, cuidar do corpo passou a ser moda.” P.36

“De repente, é preciso cuidar do corpo. É preciso tirar o excesso de gordura. É preciso melhorar o desempenho sexual. É preciso melhorar o visual. É preciso, acima de tudo, vencer. Vencer no esporte e vencer na vida. Mas acontece que nunca perguntamos a nós mesmos o que é realmente vencer na vida”. P. 37

“Formado – ou mesmo antes de completar seu curso -, o profissional vai como professor ou técnico em busca de mercado... Esse é um traço do perfil generalizado do profissional da educação física no Brasil. É por meio desse tipo de relação que, segundo me parece, é possível analisar parte da falência dessa disciplina como proposta de real valor: aquela educação física compreendida como disciplina que se utiliza do corpo, por meio de seus movimentos, para desenvolver um processo educativo que contribua para o crescimento de todas as dimensões humanas”. P. 37

“É nesse sentido que se pode apreender que a crise que costuma atingir quase todos os setores da sociedade que clamam por desenvolvimento parece não estar perturbando muito a educação física. Ela vem cumprindo de maneira mais ou menos eficiente, disciplinada e comportada a função que a ela foi destinada na sociedade”. P.37

“... A crise que começa a se instaurar na educação brasileira, fruto das reflexões, do debate, das discordâncias, das frustrações, da confrontação ideológica, dos erros e acertos de suas teorias e práticas, pouco tem afetado a educação física, como se ela não fosse em última análise um processo educativo”. P. 38

[Esse paragrafo resume o debate do livro]:
“A educação física precisa entrar em crise urgentemente. Precisa questionar criticamente seus valores. Precisa ser capaz de justificar-se a si mesma. Precisa procurar sua identidade. É preciso que seus profissionais distingam o educativo do alienante. O fundamental do supérfluo de suas tarefas. É preciso, sobretudo, discordar mais, dentro, é claro, das regras construtivas do diálogo. O progresso, o desenvolvimento, o crescimento advirão muito mais de um entendimento diversificado das possibilidades da educação física que de certezas monolíticas que não passam, às vezes, de superficiais opiniões ou hipóteses”. P.38

“O verdadeiro conhecimento é aquele que penetra em nosso íntimo e passa a fazer parte de nossa maneira de ser”. P. 43

“Existem professores e, por extensão, alunos – geralmente os mais aplicados – com verdadeira obsessão por conceitos e definições. Esses enunciados que procuram representar aquilo que as coisas são, se desvinculando de uma interpretação crítica, se transformam em verbalismos, pois são isentos de substâncias e vazios de sentido”. P.44

“A redução do corpo a uma de suas áreas de concentração – fato comum nas ciências humanas – é, ao mesmo tempo que esclarecedora de certas particularidades, perigosa, na medida em que nos distancia dessa compreensão do todo em que vivemos”. P. 45

“O homem é um ser incompleto e inacabado, e são as suas interações com os outros e o mundo que o torna completo”. P. 50

“... A natureza é o corpo inorgânico do homem... O ar e o alimento, indispensáveis à sobrevivência, são exemplos marcantes dessa apropriação feita pelo homem, tornando a natureza parte de seu corpo”. P. 50

“Nesta linha de raciocínio, poderíamos afirmar que a educação seria um processo pelo qual os seres humanos buscam sistemática ou assistematicamente o desenvolvimento de todas as suas potencialidades, sempre no sentido de uma autorrealização, em conformidade com a própria realização da sociedade. Nas palavras de Saviani (1982, p. 51), ela seria “o processo de promoção do ser humano que, no caso, significa tornar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela, transformando-a no sentido de uma ampliação da comunicação e colaboração entre os homens”. Isso ocorre, conforme já foi colocado por diversos pedagogos, por meio de transformações nos níveis de habilidades, conhecimentos e ideais (atitudes) das pessoas. É por intermédio dessas transformações que se atende à grande finalidade da educação como processo: tornar as pessoas cada vez mais humanas”. P. 51

 “Na caracterização do significado da educação, ficou implícito que o ato educativo só se completa quando se provoca uma mudança no comportamento... A contração muscular só tem significado educativo quando é a expressão de uma significação vivida e de uma atividade intencional”. P. 51
“...Numa efetiva interação entre professor e aluno, ambos se educam. O profissional de educação física que percebe essa relação afetiva transforma sua ação em um gesto de amor, em que todos se beneficiam”. P. 52

“A falta de uma reflexão mais séria, profunda e radical em torno do significado mais amplo da educação física tem tirado dessa disciplina a oportunidade de se estabelecer definitivamente como uma verdadeira arte e ciência do movimento humano”. P. 53

[O livro trás algumas respostas feitas a professores de educação física, tanto estudando os que já estão atuando efetivamente, o autor comenta sobre as respostas assim]:

“Os autores dessas frases são, conjuntamente com a quase totalidade dos estudantes de nosso país, também vítimas de uma estrutura fossilizada e perversa de ensino que pouco se preocupa com a verdadeira educação que crie condições para que o aluno se torne sujeito de sua própria história; ao contrario, o que faz é promover uma instrução que leva suas vítimas, na melhor das hipóteses, a produtividade alienante”. P. 61

“A grande falha da escola como instituição oficial não está só naquilo que ela se propõe a ensinar, mas também na irresponsabilidade e no descompromisso com que os próprios estudantes aprendem efetivamente”. P. 63

“Logo, as ciências podem ter progredido substancialmente, como de fato progrediram em vários setores, mas as nossas ações podem ainda estar apoiadas em – ou influenciadas por – proposições de décadas atrás ou, quando não, apoiadas em modernismos (ou pós-modernismos) que pouco acrescentam ao desenvolvimento integral do homem”. P. 63

“Contestar uma sociedade doente como a nossa não seria por acaso uma atitude profundamente saudável? Se contrariarmos os valores vigentes não seremos tachados de desequilibrados, ou mesmo loucos, ou alienados? O que é, na verdade, ser alienado? São perguntas que devem ser respondidas criticamente por todos aqueles que estão à procura de um ato educativo autenticamente democrático, libertador e, portanto, humano”. P. 63

“Entendo que a educação física deve ocupar-se do corpo e de seus movimentos, voltando-se para a ampliação constante das possibilidades concretas dos seres humanos, ajudando-os, assim, na sua realização mais plena e autêntica... Acredito que somente de uma maneira integral o corpo poderá se constituir num objeto específico da educação física como uma ciência do movimento. Só entendo o corpo na posse de todas as suas dimensões... Mesmo no caso do esporte de alta competição, em que os objetivos se voltam para o rendimento e o resultado, a vida mais plena do homem não pode, em hipótese alguma, ficar comprometida. Qual é o sentido de um esporte que se esqueceu de que existe para melhorar a qualidade de vida dos homens, e não para robotizá-los na busca obsessiva e indiscriminada do recorde ou do primeiro lugar, transformando-os, às vezes, em monstros humanos?”. P. 65

“A consciências precisam ser agitadas e estimuladas no sentido de uma ampliação de suas possibilidades. E isso a educação física não tem levado em consideração. Seu papel tem sido muito mais o de uma “domesticação”, reforçando as consciências intransitivas e ingênuas, que de uma superação (libertação) das limitações e dos bloqueios com os quais estamos envolvidos em termos de pensamento, sentimento e movimento”. P 66

“Enquanto os professores de educação física não abrirem os olhos procurando penetrar em sua realidade de forma concreta por meio da reflexão crítica e da ação, não serão capazes de promover conscientemente o homem a níveis mais altos de vida, e contribuir, assim, com sua parcela para a realização da sociedade e das pessoas em busca de sua própria felicidade individual e coletiva”. P. 66

[Na introdução do terceiro capitulo do livro Medina faz uma reflexão sobre SER]:
“E de repente, naquele simples aperto de mãos, na troca recíproca de uma espécie de energia que fluía naturalmente entre dois corpos humanos, percebi enfim o que significava SER, que os dicionários de filosofia – excessivamente preocupados com as palavras – e os falsos filósofos – descompromissados com a vida – jamais conseguiram me explicar com clareza. Fixar-se apenas nos valores do SER, entretanto, pode ser nada além do que uma inculcação a mais no sentido de preservar a miséria e o desnível social existente nos países subdesenvolvidos. Eu só posso começar a SER na medida em que também posso TER o suficiente para viver – ou sobreviver – com dignidade humana”. P. 67

“São também essas consciências que dicotomizam de maneira estanque as relações  entre teoria e pratica. Não conseguindo perceber a importância do processo de reflexão em comunhão com as nossas ações”. P.70

“Isso se deve preponderantemente à falta de disposição crítica que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento. Muito pouco se tem refletido – pelo menos de maneira séria e profunda – sobre o real significado de uma cultura do corpo que fundamente a educação física, propiciando, por parte de seus profissionais, uma atuação coletiva mais comprometida com um real estado de bem-estar físico, mental e social de toda a comunidade nacional, e não apenas da parcela privilegiada representante de uma minoria”. P. 70

“O que é práxis? Não sendo prática pura é a prática objetivada (individual e socialmente) pela teoria. É a prática aprofundada por esta “meditação” ou reflexão que não deve ser solta, mesmo na consciência da relativa autonomia da teoria, na capacidade do ato teórico em antecipar idealmente a prática como objetivo da mesma. A práxis, enfim, é a ação com sentido humano. É a ação projetada, refletida, consciente, transformadora do natural, do humano e do social”. P. 72

“Seu currículo não se preocupam em fundamentar essa importante área do conhecimento humano, dando-lhe uma base teórica mais sólida. Mas que nunca, tem-se reforçado a ideia de ser ela uma disciplina exclusivamente prática, sem maiores necessidades de reflexões que questionem o valor de suas atividades para a formação integral da mulher e do homem brasileiro. Por outro lado, nossa educação física não conseguiu ainda desatrelar-se da ginástica com espírito militarista que norteia sua prática, daquela do “1, 2, 3, 4” mecânico, domesticador e autoritário”. P. 73

“Considerando essa situação, não é exagero concluir que estamos diante de uma educação física quase acéfala, divorciada que está de um referencial teórico que lhe dê suporte como atividade essencialmente – mas não exclusivamente - prática”. P. 73

“O certo é que a educação física não sairá de sua superficialidade enquanto não se posicionar criticamente em relação aos seus valores, ou, em outras palavras, não se questionar quanto à real importância de sua prática para as pessoas e para a comunidade a que serve”. P 74

“Um professor, por exemplo, precisa comprometer-se com sua visão educacional para poder desenvolver seu trabalho eficientemente e contribuir com o crescimento de seus alunos. Nesse sentido limitado, vale mais até aquele mestre tradicional que se utiliza de métodos considerados ultrapassados, mas vocacionado para sua missão que aquele que, embora usando técnicas modernas de ensino, não sabe ao certo o que está fazendo”. P 75

“O conjunto de atitudes que tomamos caracteriza nossa postura. E essa postura só é válida quando implica “assumir compromissos”(e não apenas “assumir certos conceitos”)”. P 75

A educação física convencional. Essa primeira concepção esta apoiada na visão do senso comum aqui entendido como a visão mais corriqueira mecânica, simplista e vulgar que se faz do ser humano e do mundo. Dessa maneira, ela recebe forte influência da tradição e, de certa forma, da pedagogia tradicional”. P 79

“Os adeptos dessa concepção definem a educação física simplesmente como um conjunto de conhecimentos e atividades especificas que visam ao aprimoramento físico das pessoas. Os aspectos psicológicos e sociais ocupam, nessa linha de pensamento, um papel periférico, secundário ou mesmo irrelevante. Há ainda os que argumentam que esses traços intelectuais, morais, espirituais e sociais devam ficar a cargo de outras instâncias da educação”. P. 79

A educação física modernizadora. Sem dúvida alguma, essa segunda concepção amplia o significado da educação física, distanciando-se daquela visão mais comum e vulgar estabelecida pela concepção convencional e, muitas vezes, opõe-se a ela. Uma diferença radical entre as duas concepções é que uma considera a educação física como a “educação do físico”, ao passo que a outra a considera como uma “educação através do físico”. Pelo ângulo da educação física modernizadora, a ginástica, o esporte, os jogos e a própria dança podem ser meios específicos da educação em seu sentido mais amplo”. P. 80

“Contudo, apesar das diferenças, ela igualmente possui uma visão dualista ou pluralista do homem. Considera que o ser humano é composto por substâncias essencialmente irredutíveis (corpo e mente ou espírito)”. P 81

“Além do biológico, preocupa-se com o psicológico. Entretanto, entende a educação mais no âmbito individual”. P 81

“Pela concepção modernizadora, poderíamos dizer, então que a educação física é a disciplina que, por meio do movimento, cuida do corpo e da mente. Numa definição mais elaborada, essa disciplina poderia ser entendida como a área do conhecimento humano que, fundamentada pela interação de diversas ciências e por meio de movimentos específicos, objetiva desenvolver o rendimento motor e a saúde dos indivíduos”. P 81

“Na verdade, como na outra, os adeptos dessa concepção, por possuírem uma consciência ingênua, são de certa maneira dominados pelo mundo”. P 82

A educação física revolucionaria. É a concepção mais ampla... O ser humano é entendido em todas as suas dimensões e no conjunto de suas relações com os outros e com o mundo”. P. 82
“A educação física revolucionária pose ser definida como a arte e a ciência do movimento humano que, por meio de atividades específicas, auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua autorrealização e em conformidade com a própria realização de uma sociedade justa e livre”. P. 82

“Essas características evidenciam que só é possível conceber revolucionariamente a educação física por intermédio da chamada consciência transitiva crítica. Aquela capaz de transcender a superficialidade dos fenômenos, nutrindo-se do diálogo, e agindo pela práxis, em favor da transformação no seu sentido mais humano”. P. 83

“Talvez se perguntássemos a um profissional de educação física o que significa essa disciplina, a mais bela e bem construída resposta pudesse ser a mais pobre, se estivesse desprovida de sentido autêntico”. P 84

“Ao colocarmos em xeque nossos valores, propiciamos o clima indispensável para a aquisição de outros novos. Desse prisma, a crise é algo fundamental no processo de renovação e transformação. O desconforto, a angústia e a insatisfação são manifestações que podem alimentar os germes que conduzem á evolução da consciência individual (quando agimos individualmente) e coletiva (quando nos organizamos e agimos coletivamente). Só poderemos crescer à medida que aprendermos a superar todas as contradições em que estamos envolvidos constantemente em nossa cultura e, ao mesmo tempo, a conviver com elas”. P. 85

“Parece existir uma cegueira generalizada em relação à realidade em que vivemos”. P. 85    
       
“O fato de se assumir uma educação física preocupada com o ser total pode significar a passagem da alienação para a libertação”. P. 86

“Mas o que dizer da área da educação física que trata do esporte de alta competição? Não seria, nesse caso, o desenvolvimento físico um fim em si mesmo? O que mais interessa não é o desempenho? O que importa não é que os músculos sejam mais fortes, mais resistentes, mais elásticos e mais coordenados entre si para a realização dos movimentos mais precisos e eficientes? Atingida essa meta, não seria o resto supérfluo?”. P. 86

“Os objetivos esportivos ou profissionais não devem seguir caminhos diferentes daqueles necessários para que o homem, como ser imperfeito, se aperfeiçoe como individuo e como ser social”. P. 87

“O movimento deveria, em qualquer circunstância, ser entendido como um modo para o homem e a mulher serem mais. E nem sempre ser mais é ganhar um título, bater um recorde, vencer uma competição. Muitas vezes, o que ocorre é que, para alcançar essas metas, se faz qualquer sacrifício, qualquer imoralidade, qualquer coisa... Para os que pensam e agem assim, não faz sentido afirmar que às vezes também crescemos com a falha, o erro e a derrota”. P. 87

“A motricidade humana traz consigo toda uma significação de nossa existência. Há extrema coerência entre o que somos, pensamos, acreditamos ou sentimos, e aquilo que expressamos por meio de pequenos gestos, atitudes, posturas ou movimentos mais amplos”. P. 87

“Adquirir uma visão ampla e profunda dos problemas de nossa realidade é uma tarefa coletiva, que se constrói fundamentalmente pelo diálogo e pela práxis, promovendo a solidariedade, a união e a organização necessárias ao crescimento humano (Fleuri 1978, pp. 10 e 30). Portanto, transformar nossa consciência significa transformar o sentido existência. Sem essa predisposição é impossível qualquer mudança radical”. P. 90

“Aliás, todo projeto é sempre uma utopia, ou seja, é algo que ainda não existe”. P. 90

“Somente um projeto (utópico), levado às suas últimas consequências práticas, será capaz de mudar nosso destino”. P. 91

“A palavra está com aqueles que, ligados à área, ainda acreditam no ser humano. Com aqueles que ainda são capazes de ter esperança, apesar de tudo. A eles cabe o papel de assumir o movimento que redimensione as possibilidades da educação física. A eles cabe, enfim, desencadear a revolução, lutando em favor da autêntica humanização dessa disciplina. Mesmo porque parece não restar outra opção”. P. 92


Obrigada pela visita!

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Fontes:
 *  http://www.livrariacultura.com.br/p/educacao-fisica-cuida-do-corpoe-mente-22360672
** https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Paulo_Medina
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